DESCONFIANÇA
- O que ele tem te receitado agora? – perguntei pra Lia.
- Rivotril. E pra você?
- Sertralina de sempre e agora acrescentou um antipsicótico. Rispiridona.
- Antipsicótico?
- Acho que vai me fazer parar de pensar demais. E ter menos desconfiança.
- Você tem muita desconfiança?
- Não chamaria de desconfiança, mas certezas de coisas que eu sei que estão acontecendo, mas como não tenho provas, dizem que é tudo neurose, desconfiança etc.
- Que tipo de coisas?
- Nada não, deixa quieto.
- Eu sou sua amiga, pode se abrir.
- Eu... bem... sabe o Claudião? Acho que ele que matou a mulher.
Lia deu uma risada.
- Eu não disse, porra. Por isso não ia falar.
- Ai, desculpa, mas de onde você tirou isso? Você contou para o médico?
- Sim. Disse que desconfiava que um amigo fosse assassino e que havia pessoas conspirando contra mim. Foi quando me receitou a primeira vez. 2 mg por dia. Acho que ele está envolvido.
Lia pareceu nervosa e acendeu um cigarro.
- Quando você tem consulta de novo? – me perguntou, enquanto guardava o isqueiro.
- Segunda vou lá. Mas acho que vou trocar de médico depois.
Terminamos nossas bebidas e nos despedimos.
Quando entrei na sala do médico na segunda, ele trancou a porta. Nunca trancava. Então de outra sala saíram Lia e Claudião sorrindo. Antes que eles fizessem algo, puxei a minha arma – eu havia desconfiado deles e a trouxera – e atirei nos dois. Apontei para o doutor. Ele ficou sentado com as pernas cruzadas e tentou pedir que eu me acalmasse, pois eu estava apenas tendo um ataque nervoso. Atirei. Recolhi algumas amostras grátis do armário e fui para casa procurar outro médico.
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