UM DIA DE FOLGA

- E pra você?

A mulher não me respondeu. Ficou parada no balcão me olhando bem nos olhos e me deixou um pouco nervoso e até com medo, pois estava realmente imóvel e havia uma mosca teimosa em seu rosto que ela parecia nem perceber. Fiz alguns sinais. Nada. Não tive como não perceber um pequeno bigode. Deve ser desconcertante, para uma mulher, ter que parar na frente do espelho para tirar o bigode. Mas o detalhe cômico perdeu a graça quando a situação saiu do limite. Tentei, em vão, chamar sua atenção novamente perguntando se ela estava passando bem. Ela começou a rangir os dentes. Sua cabeça começou a tremer com a força que fazia entre os maxilares e começou a vomitar sobre o balcão. Corri para o outro lado e peguei a dona pelos braços e tentei levá-la para fora.


- O que houve? - perguntei. Ela me empurrou e tirou uma arma da bolsa. Colocou em sua boca e atirou. A platéia logo se formou, bem como os policias. E na mesma rapidez que todos chegaram, logo sairam. A velha urgência efêmera pelo sensacionalismo e tragédia. Na mesma urgência fechei o bar para tirar um dia de folga e fui para casa mais cedo fazer uma surpresa para minha patroa. O risco que se corre em fazer esse tipo de surpresa é encontrar alguém comendo a sua mulher, ou, como foi o meu caso, de encontrá-la com o creme de barbear sob o nariz para tirar o buço. Dos males, o menor.