VERSÃO 2.0

Não amar a Deus sobre todas as coisas; Invocar o nome de Deus em vão; Não guardar domingos e festas de guarda; Não honrar pai e mãe; Matar; Pecar contra castidade; Roubar; Levantar falso testemunho; Desejar a mulher do próximo; Cobiçar as coisas alheias.

Assim poderia ser aquela famosa listinha que conhecemos desde que fomos apresentados aos cansativos textos bíblicos. O que já estamos cansados de ouvir e ler por aí não é nada mais do que um disfarce para esconder os verdadeiros instintos naturais do homem. Somos um bando de selvagens adestrados. É só lermos a versão citada acima. Calma e refletidamente. Não é difícil sentir uma sensação boa percorrer o corpo. Uma sensação de liberdade. Agora, se lermos a versão original, mal conseguimos nos concentrar. É bem mais chato. Prova é que nunca conseguimos decorar. A não ser alguém que leve à risca a sua crença de estar sendo avaliado por um deus que está em todos os lugares ao mesmo tempo

Ter crenças é comprovadamente saudável. Mas alguns passam dos limites. Fico imaginando um fanático comendo sua esposa fanática pensando se deus está ali batendo uma sagrada. Sentado na poltrona como um voyer imaculado.

E nos sentimos mais à vontade lendo a versão 2.0 dos mandamentos simplesmente porque todos já contrariaram no mínimo uns 7 dos 10 mandamentos. E nem se trata de opção por transgredir regras. Apenas agimos naturalmente. Quantas vezes, só hoje, você invocou o nome de Deus em vão nem deve lembrar. Sem contar que é mais fácil alguém amar o carro importado do patrão do que a si próprio. Então quem dirá amar a Deus em primeiro lugar. Portanto, deixais de lado a vossa hipocrisia.