TONELADAS DE NADA

Então ficaram lá falando e falando e falando. Eu ouvia e ouvia e ouvia. O mais engraçado é que todos sabiam que tudo não passava de perca de tempo. Um espaço vazio de suas vidas sempre preenchido com uma tonelada de bobagens egocêntricas.

Enquanto isso eu preenchia o meu espaço vazio pensando em como sair dali o mais rápido possível.

UMA QUESTÃO DE ESCOLHA

Sempre existem duas maneiras de fazer algo. Mas as pessoas, esses seres que se preocupam em sentir medo de suas próprias existências, sempre complicam e escolhem as piores. Eu escolhia as melhores, ou seja, as mais simples. Que não ocupassem tempo, que poupassem discursos ensaiados, que, aos olhos de alguns, pareciam perversas e imorais. A vida ficava mais leve. O espírito mais flexível e estimulado. A bebida mais suave.

Ocorreu-me esse pensamento enquanto terminava meu conhaque. Eu olhava as pessoas se chocando pela calçada; franzindo as testas para os celulares; disputando uma corrida sem fim. Então liguei para Sofia. Em meia hora estávamos em minha casa com uma bela garrafa de vinho, ouvindo uma bela música, com suas belas pernas, discutindo sobre as belas escolhas que as pessoas deixavam de fazer.


INSISTÊNCA

- Algumas pessoas insistem em enganar a si mesmas. Acreditam ser inteligentes. Acreditam ser religiosas. Acreditam ser educadas. Acreditam ser mais importantes. Acreditam não ter preconceitos. Acreditam ser respeitáveis. Acreditam que fazem o bem...
- Talvez essa ilusão seja um apoio para elas.
- Mas elas também acreditam que isso não seja uma ilusão.