DESLIGUEI E LEVANTEI PARA TOMAR O CAFÉ DA MANHÃ


- Alou.
- Oi, Beto.
- Deve ter sido engano, aqui não tem nenhum Beto.
Mas a mulher insistiu que eu era o tal de Beto. Ao menos tinha uma voz bonita.
- Ai, Beto, para de sacanagem. Bem, estou ligando pra matar a saudade. Você desaparece assim. Então, o que anda fazendo?
- Bem... eu não sou o Beto.
- Ai, você é louco mesmo, né? Sempre te achei o mais interessante por isso. Você faz umas coisas que a gente não sabe se é sério ou se é brincadeira. Espontâneo. Ai, meu deus, que saudade. Então, vamos nos ver?
- Tá...vamos, mas eu...
- Ok. Às oito no Bell’s.
Eu já estava tomando a terceira cerveja quando apareceu uma ruiva tatuada dentro de uma calça de couro. Quando me viu seus olhos brilharam. Me abraçou.
- E aí, quanto tempo?
- Pois é.
- Cada vez que te vejo você está melhor.
Conversamos um pouco e fomos para sua casa. Bebemos uísque e logo estávamos na sua cama. Cara de sorte esse Beto, pensei. Pela manhã, ela trouxe um álbum de fotos.
- Lembra disso?
Meu corpo tremeu quando me reconheci na foto. Estava abraçado com essa mulher em uma espécie de casa de praia. Algo meio rústico. Parecíamos felizes.
- Hum...
- Tá, eu preciso ir. Tenho que fazer umas fotos daqui a pouco. Pode ficar à vontade. Tem café pronto, tá? – falou e saiu rebolando enquanto prendia o cabelo.
Me estiquei na cama, acendi um cigarro e fiquei olhando para o teto tentando pensar em nada. Meu celular tocou.
- E aí, Ed, seu filho da puta. Que tá fazendo?
- Desculpe, quem está falando é o Beto. Não tem nenhum Ed aqui.
Desliguei e levantei para tomar o café da manhã.

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