Apesar de eu ser feio, ganhar pouco com um trabalho de merda,
eu sempre tive a mulher que eu quisesse. Era uma questão de autoestima que eu
havia aprendido em uma palestra. E usei isso com a Lila. Ela ficou me olhando a
noite inteira. Fui até lá e ofereci uma bebida e menti e elogiei e rimos e
fizemos piadinhas sexuais e fomos para o
quarto do hotel.
Ela trancou a porta e disse que estava fugindo da polícia e
ficou espiando pela janela o tempo todo. Tentei me aproximar e ela recusou.
- Cara, você acha mesmo que eu iria trepar com você? – ela
disse sem me olhar, colocando por água a baixo tudo o que eu havia aprendido
com o palestrante. – Eu só preciso dar um tempo e sumir daqui o mais rápido
possível.
Fui até minha gaveta e liguei um gravador que eu carregava
comigo e perguntei para ela o que havia feito.
- Bem, acho que não tenho com o que me preocupar com um cara
como você. Sabe o dono da Melvins? Eu o matei – ela disse e começou a rir.
Enquanto ela olhava para fora eu a algemei.
- Você está presa, gatinha – falei ao seu ouvido mostrando meu
distintivo da polícia. – A não ser que você tenha algo para mim.
- Quanto? – perguntou.
- Metade da grana – disse eu.
No outro dia liguei para meu chefe e pedi demissão. Minha
autoestima estava recuperada.
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